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A Maçonaria em Santa Cruz do Rio Pardo

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Augusta Respeitável Loja Simbólica Santa Cruz
Augusta Respeitável Loja Simbólica União, Justiça e Fraternidade

 

A Maçonaria

 

*Celso e Junko Sato Prado

 

            Os movimentos sociais e políticos do século XIX, não podem ser isolados da importância e influência exercida pela Maçonaria nos principais líderes políticos, inclusive locais.

            Em Santa Cruz, após proclamada a república, instalou-se a primeira loja maçônica em 1891, sob a denominação 'União Paulista' – Rito Adonhiramita (Boletim GOB, nº 117º ano, março de 1892: 35), ao Oriente São Paulo, e entre os fundadores estava João Raul Gonsalves [Gonçalves] da Silva, iniciado na Loja 'América', da Capital paulista, e um dos grandes nomes da maçonaria paulista (Grande Oriente do Estado de São Paulo, Boletim 10º fascículo – junho de 1911: 190).

            A loja teve o primeiro endereço conhecido à Praça Marechal Deodoro (Correio do Sertão, 03/05/1902: 1), atual Dr. Pedro Cesar Sampaio, e uma foto de 1902 (gentileza de Edwin Luiz Brondi Carvalho) mostra o prédio ao lado dos alicerces da matriz em construção.A edição do Correio do Sertão, de 17 de maio de 1902, noticia foto semelhante doada à redação pelo Major Vicente Finamore, fotógrafo amador, reconhecidamente maçom.

O alicerce do templo católico e a demolição do edifício da Loja estavam concluídosem 30 de agosto de 1902 (Correio do Sertão, 06/09/1902: 2).

            Raul Silva, assim melhor identificado, teve intensa participação na sociedade santacruzense de sua época, provisionado e depois advogado, Promotor Público interino, fundador e editor do hebdomadário 'O Paranapanema' – o pioneiro em Santa Cruz no ano de 1895, e o seu nome consta no rol de votantes de 1893.

            A loja esteve em situação de dissidência no ano de 1893, posto vinculada ao 'Grande Oriente Maçônico de São Paulo' (Grande Oriente de S. Paulo), criado por facção (sete lojas) da maçonaria paulista rompida com o 'Grande Oriente do Brasil', aos 28 de maio de 1893. Ato do 'Grande Oriente do Brasil', naquele ano, declarou espúrio o grupo das sete lojas aderentes, 'Roma', 'Sete de Setembro', 'Vinte de Setembro', 'Harmonia e Caridade', 'Amizade' e 'União Paulista' encabeçadas pela 'América' (Maçonaria Paulista. In: Boletim do Grande Oriente do Brasil, 1893, ano 18. n. 3. p. 102).

            Pela participação, como loja organizada, ainda que não oficialmente estatuída, a União Paulista tem preexistência confirmada 'ao cisma' de 28 de maio de 1893. Nenhuma das lojas paulistas, espúrias ou não, tinham estatutos em conformidade com a Lei [Federal] nº 173, de 10 de setembro de 1893, e a primeira a registrar-se foi a 'Loja Amizade', à igual data que assim procedeu o 'Grande Oriente Maçonico de São Paulo' (DOSP, 09/10/1894: 12).

            Após Raul Silva, a União Paulista e o Coronel Botelho ajustaram-se. O Coronel tornou-se líder político regional e Venerável da Loja União Paulista.

            Historicamente correto, de acordo com Registro Oficial em Diploma, que o senhor Bernardino Antonio Pereira de Lima, da Loja Maçônica de Lençóis Paulista desde 1876, filiou-se à Loja União Paulista aos 03 de junho de 1896, quando Secretário o senhor João Castanho de Almeida Junior.

            A Igreja Católica, visando ampliação da Praça onde pretendia-se a nova Matriz, adquiriu o terreno da loja maçônica. Segundo reportagem do Correio do Sertão, a situação que parecia simples complicou-se porque a Loja "não é pessoa juridica, razão porque ainda não recebeu escriptura do terreno onde foi edificado o templo." (Correio do Sertão, 03/05/1902: 1).

           Desde maio de 1902 a Loja já não funcionava no endereço da Praça Marechal Deodoro, noticiando-se o prédio demolido em agosto daquele ano. Uma foto mostrando a antiga Rua Visconde de Pelotas, hoje Farmacêutico Alziro de Souza Santos, em parte onde posteriormente construído o Icaiçara Clube, aparece um símbolo que pode ser maçônico e indicar aonde o segundo endereço da Loja (CD: A/A - fotos, gentileza Edwin Luiz Brondi Carvalho).

            Igreja e Maçonaria, acertadas as documentações, confirmaram a transação através dos lançamentos da Igreja com despesas de escritura e demolição do prédio. O Correio do Sertão, de 30 de agosto de 1902 confirmava a transação através dos lançamentos de despesas com a escritura e a demolição do prédio.

            A denominação 'União Paulista' era marca exclusiva para a Loja de Santa Cruz, em 1902, estando entre aquelas que, "Por Decreto nº 5 do Grande Oriente Estadoal, foram eliminadas do quadro geral de matriculas" (Correio do Sertão, 15/11/1902: 2, Eliminações – edital), depois, em 1905, reintegrar-se-ia ao Grande Oriente e Superior Conselho do Brasil.

            Desde maio de 1902 a Loja já não funcionava no endereço da Praça Marechal Deodoro, noticiando-se o prédio demolido em agosto daquele ano. Uma foto mostrando a antiga Rua Visconde de Pelotas, hoje Farmacêutico Alziro de Souza Santos, em parte onde posteriormente construído o Icaiçara Clube, aparece um símbolo que pode ser maçônico e indicar aonde o segundo endereço da Loja (CD: A/A - fotos).

            No ano de 1905 a Loja ainda estava presente em Santa Cruz, integrada ao Grande Oriente e Superior Conselho do Brasil, conforme Diploma expedido pelo Órgão, de 23 de julho de 1905, ao maçom 'Constâncio Carlos da Silva – União Paulista de Santa Cruz do Rio Pardo'.

            Desconhecida outra Loja denominada de 'União Paulista' entre 1893/1908, e a gênese maçônica, salvo melhor juízo, parece não concordar que duas casas tenham idêntica denominação, numa mesma época, exceto se da mesma origem e distinguida por números. Então a União Paulista seria exclusiva em Santa Cruz do Rio Pardo.

-Maçom ilustre**

            Pesquisas apontam o Presidente do Brasil, 'Dr. Washington Luiz Pereira de Souza' (1926/1930), como membro da Loja Maçônica "União Paulista" (Costa e Almeida Filho, 2000: 15), e membro honorário da 'Loja Amizade'.

            A questão merece melhores estudos para efetivas comprovações ou eliminações de dúvidas, porque nenhuma outra Loja União Paulista, exceto a santacruzense, estava em atividade naqueles tempos. Alguns maçons informam a possibilidade de membro de uma loja residir em outra localidade, ou, por laços de amizades, estar filiado numa loja mas dela não participar.

            Washington Luiz, fluminense de Macaé, tinha fortes ligações com os fazendeiros do interior paulista, inclusive casado com a piracicabana Sophia de Mello Oliveira, com grandes possibilidades que tenha conhecido Raul Silva, o fundador da Loja União Paulista santacruzense, ainda no Rio de Janeiro, quando estudantes no Colégio D. Pedro II, sendo Washington nascido em 26 de outubro de 1869 e Raul aos 13 de agosto de 1866.

            Se Washington Luiz efetivamente membro ou iniciado da 'Loja União Paulista', então foi maçom santacruzense, pois que, até prova em contrário, nenhuma outra Casa Maçônica da época apresentava-se com o nome União Paulista.

Nos tempos atuais duas lojas maçônicas identificam-se União Paulista, a mais notória em Itapetininga – SP. Também a Loja Maçônica 'União Paulista I nº 434', à rua São Joaquim 457, Bairro da Liberdade, São Paulo.

            A transferência de domicílio dos principais maçons santacruzenses para Ipaussu e, consequentemente a formação de nova Coluna naquela localidade, a União Paulista teria entrado em situação de 'loja adormecida' em 1908.

**Colaborou nesta pesquisa o acervista Geraldo Vieira Martins Junior.

-Continuação dos levantamentos sobre a maçonaria em Santa Cruz

            Os autores não encontraram registros de alguma outra loja maçônica, entre 1908 e 1920, entretanto, no artigo, 'O Carnaval (...) Blocos Carnavalescos', o colunista responsável identificava, entrelinhas, alguns maçons santacruzenses, uns pela profissão e outros pelas origens ou características, descrevendo-os como sairiam fantasiados para o Carnaval daquele ano. A Maçonaria de então, cuja loja não identificada, era carnavalescamente cognominada 'Clube dos Pellas' (O Contemporaneo, 05/03/1916).

            Com certeza, por documentos, nos anos de 1920 estava presente em Santa Cruz a Loja Maçônica 'Deus e Caridade', destacando-se dentre os membros Alfredo Theodoro de Souza Almeida (CD: A/A) e Amadeu Lucante (Correio Paulistano, 27/11/1924: 6, referência ao seu óbito).

            A Municipalidade doou à Loja 'Deus e Caridade' terreno para sua sede, à Rua Benjamin Constant, conforme Lei nº 354, de 17 de junho de 1925.

            (...).

            Santa Cruz conta, desde 2010, com duas Lojas Maçônicas, a 'Santa Cruz – nº 395' da Grande Loja do Estado de São Paulo, e a 'União – Justiça e Fraternidade – nº 2815', pelo Grande Oriente do Estado de São Paulo, casas distintas, porém irmanadas, ambas abrigadas num mesmo imóvel, à Rua Francisco Maximiano de Oliveira, nº 42 – Vila Saul.

-Do original 'Santa Cruz – Memórias, documentos e referências'

Celso e Junko Sato Prado, Santa Cruz do Rio pardo, 2015

*ISBN

 

Agradecimento ao amigos Celso Prado e Junko Sato Prado por autorizar a divulgação

 

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